Jaqueline Goes de Jesus

A Barbie cientista que "leu" o Novo Coronavírus

A equipe de investigação do Instituto Adolfo Lutz recebeu amostras do primeiro paciente brasileiro infectado pelo Sars-CoV no dia 26 de fevereiro de 2020. Jaqueline Goes e sua equipe realizaram o sequenciamento do genoma do novo vírus em apenas 48 horas.

"Eu tinha poucas mulheres como referência acadêmica, menos ainda mulheres negras, mas tinha de muitos homens, sendo eles quase sempre brancos, de meia-idade, que são ainda hoje, a referência no mundo da ciência"

Sua História

Graduada em biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Jaqueline Goes optou por seguir e cursar seu mestrado em biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pelo Instituto de Pesquisa Gonçalo Moniz – Fundação Oswaldo Cruz. Mais tarde, tornou-se doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é aluna de pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical na Universidade de São Paulo, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e professora adjunta de Bioquímica daescola onde conseguiu seu diploma de graduação.

Em 2020, ela e uma equipe de diversos cientistas, coordenados por Ester Cerdeira Sabino, participaram do sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2/Novo Coronavírus. A equipe de investigação do Instituto Adolfo Lutz recebeu as amostras do primeiro paciente brasileiro infectado no dia 26 de fevereiro e Jaqueline e sua equipe realizaram o sequenciamento do genoma do vírus em apenas 48 horas, diferente de outros laboratórios no mundo – exceto o Instituto Pasteur, na França – que levavam em média 15 dias para realizar a mesma função. O resultado foi postado poucos dias depois no site virological.org, um fórum de discussão de especialistas em virologia e epidemiologia.

foto historia

O trabalho da cientista pôde diferenciar o vírus que infectou o paciente brasileiro do genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China. As amostras também revelaram que este caso estava mais próximo de versões do Coronavírus observadas na Alemanha. A equipe, igualmente, sequenciou o código genético do vírus do segundo caso diagnosticado no Brasil e, desta vez, o vírus se aproximava de amostras analisadas na Inglaterra. A pesquisa e execução de Jaqueline auxiliaram em diversos estudos para desenvolver um possível tratamento ou cura, uma vez que o sequenciamento do genoma pôde revelar quais proteínas alimentam o vírus, quais mutações ele sofre e de que forma atua no sistema imunológico humano. Todas essas informações são essenciais para a produção de medicamentos e vacinas.

Silvana Oliveira

Autora: Silvana Oliveira - FrontEnd pela {reprograma}

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